LIPOESCULTURA

O CONTROLE DA SILHUETA CORPORAL

Definição e Indicações:

Hoje, com segurança, podemos dizer que é possível moldar o contorno corporal como nunca antes se conseguiu na história da medicina.

Longe dos arquétipos fantasiosos de Hollywood ou das propagadas exageradas na mídia da estética, é certo que temos hoje um grande recurso de manipulação do tecido gorduroso. Muitas vezes hostilizado pelo seu excesso, ele é muito importante, pois funciona como coxim no amortecimento de impactos e compressões, constitui uma reserva de energia e atua na metabolização de vários hormônios. Reveste todo o nosso corpo em camadas, sob a pele, variando em espessura e densidade, e o modo como se distribui pelo corpo é o principal fator que define a silhueta de um indivíduo.

Com a lipoaspiração, temos a capacidade de remover os depósitos gordurosos que estão em excesso e destoando do resto do corpo, harmonizando o contorno.

A lipoescultura é a complementação e o aperfeiçoamento da lipoaspiração, potencializando muito o
seu resultado. A melhora na forma e no contorno corporal é grande, obtida pela harmonização da distribuição dos depósitos gordurosos. Basicamente, retira-se de onde está sobrando e coloca-se (lipoenxerto) onde está faltando ou onde se quer projetar. Assim como numa escultura, modela-se a silhueta.

A princípio, está indicada para a correção de depressões inestéticas em várias regiões do corpo, mas também é muito solicitada para aumentar a projeção e elevar o bumbum, além de auxiliar no rejuvenescimento da face e das mãos. O número de cirurgias desse tipo vem aumentando constantemente. Logo que a (o) paciente descobre que é possível reaproveitar aquela gordura indesejável e que seria jogada fora, para turbina o bumbum, não pensa duas vezes em requerer o procedimento.

Há mulheres muito magras, por exemplo, com pouco bumbum, que até engordam propositadamente para ter “material” suficiente para aumentar os glúteos. A primeira vista, isso pode até parecer exagerado ou anti-fisiológico, mas na verdade pode ser vantajoso para a paciente. Isso, porque preferimos iniciar a proposta de um aumento glúteo inicialmente com a enxertia de gordura (quando ela está disponível em quantidade suficiente, é claro). Entendemos que é mais fisiológico procurar obter o resultado, em princípio, com “material” – tecido próprio da paciente, praticamente livre de reações e rejeições. Caso não haja gordura suficiente para dar o volume almejado ou em casos específicos (intensa atrofia na região glútea, desejo de grandes aumentos, etc.) partimos diretamente para o uso da prótese.

Outras aplicações do uso de enxerto de gordura são para correção ou amenização dos sulcos na face (sulco nasogeniano entre o nariz e a bochecha, p.ex.), depressões malares (maçãs do rosto), depressões abaixo das pálpebras inferiores (afundamento dos olhos), aumento dos lábios, correção do emagrecimento facial, etc., como opção ao uso de substâncias semi-sintéticas, fabricadas para o preenchimento dessas regiões, como o ácido hialurônico. A aplicação de gordura na face pode ser usada isoladamente ou em associação ao facelift, no intuito de otimizar seus efeitos e dar um aspecto mais jovial. Lembre-se da imagem de um rosto jovem: ele é mais viçoso e mais preenchido de gordura do que na face envelhecida, que é emagrecida e desidratada.

Ou seja, por ser presente em todo o corpo e manipulável, a gordura pode ser moldada, retirando-se e enxertando-se em praticamente qualquer local, no intuito de se alcançar o melhor contorno estético corporal possível, tal qual numa escultura.

Detalhes da Cirurgia

O objetivo é melhorar o contorno corporal e não fazer com que a paciente perca peso. A diferença entre lipoaspiração e lipoescultura se dá ao fato de que na segunda não se desperdiça a gordura retirada, utilizando esse “material de preenchimento” natural e próprio do paciente para melhorar ainda mais o contorno corporal, corrigir depressões e até aumentar determinadas áreas como o bumbum. Por ser própria do paciente, a gordura não sofre rejeição. Entretanto, é preciso ter conhecimento de que há uma reabsorção de parte dessa gordura enxertada com o passar do tempo, permanecendo definitivamente aproximadamente 60% do que foi enxertado.

O tempo de cirurgia varia conforme o número de áreas a serem lipoaspiradas, podendo chegar desde 1h até 4h de duração.

Normalmente utiliza-se anestesia por bloqueio (peridural) ou local, mais a sedação. Raramente utiliza-se a anestesia geral. Entretanto, essa escolha depende de vários fatores, como estado geral do pacientes, idade, uso de medicações, quantidade de áreas a serem trabalhadas, etc. A decisão final estará a cargo do médico anestesista, responsável pelo procedimento.

O pós-operatório é semelhante ao da lipoaspiração, sendo necessário o uso de cintas modeladoras por pelo menos 30 dias. Além disso, o tratamento adjuvante com drenagem linfática e fisioterapia dermato-funcional pós operatória é imprescindível para se obter um ótimo resultado.

A lipoescultura requer uma técnica mais apurada, cuidado no manejo da gordura que será utilizada como enxerto. A lipoescultura é indicada para aprimorar o resultado da lipoaspiração, proporcionando uma melhor definição no corpo (feminino ou masculino).

História

A lipoaspiração nasceu, como muitas vezes na história da medicina, de uma criativa adaptação de métodos. Antigamente, para se tratar de depósitos mal distribuídos de gordura, era preciso cortar todo o bloco em excesso, incluindo pele e tecido adiposo, gerando extensas cicatrizes nessas áreas, a despeito de uma melhoria no contorno corporal.

Após diversas tentativas, um cirurgião resolveu utilizar uma adaptação. Usou uma cânula cortante de curetagem uterina para aspirar a gordura, obtendo uma grande redução das medidas daquela área, porém com muitas limitações devido ao intenso sangramento e presença de falhas e depressões.

Contudo, na década de 1970 o cirurgião francês Yves- Gerard Iliouz aperfeiçoou o método, utilizando cânulas mais finas e rombas (não cortantes), reduzindo enormemente a ocorrência de complicações por sangramento, dando maior segurança ao procedimento. À técnica de retirada de gordura através de sua aspiração foi então, pela primeira vez, descrita como técnica de lipoaspiração.

Com o passar dos anos, o método foi sendo aperfeiçoado. Reduziu-se ainda mais o diâmetro das cânulas, gerando um menor trauma tecidual e menor rompimento de vasos, tornando-se bem menos agressivo. Introduziu-se o conceito de lipoaspiração por camadas, dividindo-se em superficial e profunda, dependendo da indicação e do local. O advento da infiltração de solução fisiológica com adrenalina foi também um marco no desenvolvimento da lipo. Pois através dessa conduta, a gordura fica “mais solta” e os vasos sanguíneos “se fecham” promovendo-se uma grande redução do sangramento e facilitando-se a retirada. Isso permitiu aumentar a quantidade de gordura que se pode retirar e se obter uma amostra de gordura “mais pura”, abrindo as portas para o desenvolvimento da lipoenxertia de uma forma regular.

Finalmente, o advento da associação da enxertia da gordura obtida em sua forma mais pura proporcionou o estado da arte em que hoje nos encontramos, com a possibilidade de se moldar o contorno corporal.

Cuidados e recomendações pós-operatórias:

A lipoaspiração/lipoescultura é uma cirurgia. Seja grande ou pequena, feita sob anestesia local, peridural ou geral, haverá sempre um pós-operatório a ser respeitado.

Contudo, por não haver grandes incisões ou descolamentos, a recuperação costuma ser rápida. Não é um procedimento que gera muita dor após a cirurgia e, com o uso de analgésicos convencionais, a dor é mínima. No geral, relata-se como se existisse um “incômodo muscular”, como quando malhamos muito.

A recuperação é semelhante à da lipoaspiração, recomendando-se o uso de cintas compressivas. A diferença é que o local enxertado de gordura costuma ficar um pouco mais quente e sensível do que as outras áreas, porém ainda assim, não muito doloroso.

Quando há enxerto glúteo, recomenda-se sentar diretamente sobre os glúteos o mínimo possível durante a primeira semana, e o repouso recomendado costuma ser de dois a três dias a mais do que ao da lipoaspiração pura.

Todas as outras recomendações, como tempo de exposição ao sol, exercícios, etc., são iguais às da lipoaspiração.